Ficou doente o meu gato:
miou, miou,
Deram xarope de leite
e ele só piorou
orou, orou.
"Ele está velho..."
disseram.
"A sua hora chegou..."
E o meu gato
de fato
morreu
como morre um passarinho.
Coloquei ele na caixa
do meu sapato novinho.
Vou enterrar no jardim.
Miau...
Cadê o gato?
Está lá
na caixa de sapato.
E se eu chorar um pouquinho,
meu choro
vai chorar sobre o gatinho.
Com o tempo
e mais uma regadinha,
talvez no jardim
venha a nascer
um pé de gato
ou de jasmin.
E quando o vento chegar,
pra sacudir a folhagem,
o meu jasmin vai miar.
Pedro Bandeira
Livro: Cavalgando o arco-íris. São Paulo: Moderna, 1995