terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Menino que mora num planeta azul feito a cauda de
um cometa quer se corresponder com alguém de outra
galáxia.
Neste planeta onde o menino mora as coisas não vão
bem assim: o azul está ficando desbotado e os
homens brincam de guerra.
É só apertar um botão que o planeta Terra vai pelos
ares...
Então o menino procura com urgência alguém de
outra galáxia para trocarem selos, figurinhas e
esperanças.

Habitante de outra galáxia aceita corresponder-se com
o menino do planeta azul.
O mundo deste habitante é todo feito de vento e
cheira a jasmim.
Não há fome nem há guerra, e nas tardes perfumadas
as pessoas passeiam de mãos dadas e costumam rir à
toa.
Nesta galáxia ninguém faz morte, ela acontece
naturalmente, como o sono depois da festa.
Os habitantes não mentem, e por isso os seus olhos
brilham como riachos.
O habitante da outra galáxia aceita trocar selos e
figurinhas e pede ao menino que encha os bolsos de
esperanças, e só os bolsos, mas também as mãos,
e os cabelos, a voz, o coração, que a doença
do planeta azul ainda tem solução.

Roseana Murray.